Combustível do futuro: reciclagem de óleo de cozinha é a chave para metas do Brasil

A sanção da Lei dos Combustíveis do Futuro em outubro de 2024 trouxe para o Brasil uma porta para os biocombustíveis ajudarem o país a atingir as metas acordadas na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas em reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, na comparação aos níveis de 2005.

A lei prevê, por exemplo, a ampliação do uso de biodiesel no diesel fóssil dos atuais 15% para 20% até 2030 e isso trará, segundo especialistas, estímulo à economia circular com reaproveitamento de resíduos. É neste cenário que a reciclagem do óleo de cozinha se torna protagonista:

“O óleo vegetal descartado é uma matéria-prima valiosa para a produção de biodiesel. Quando reciclado de forma adequada ao invés de entupir tubulações ou poluir rios, se transforma em energia limpa. E o melhor, com custo inferior ao do óleo vegetal novo, que costuma representar grande parte da despesa de produção do biocombustível”, explica Vitor Dalcin, diretor da Ambiental Santos, uma das maiores empresas de reciclagem de óleo do sul do país.

Segundo o diretor, esse reaproveitamento impacta positivamente no alcance das metas estabelecidas, já que trabalha várias frentes ao mesmo tempo, desde a redução de emissão, até a proteção das águas que deixam de ser contaminadas com o óleo descartado.

Dados do governo apontam que a nova legislação deve gerar um movimento de até R$ 260 bilhões em investimentos no setor até 2037, além de evitar a emissão de mais de 700 milhões de toneladas de CO₂ no mesmo período.

Esse crescimento depende de soluções sustentáveis e de baixo custo como a coleta e reaproveitamento do óleo de cozinha. Para Dalcin, algumas pessoas ainda não entenderam os malefícios que o óleo de cozinha mal reciclado representa para a sociedade:

“O Brasil tem um potencial enorme para se tornar referência mundial em biocombustíveis. Mas para isso, precisamos tratar os resíduos como ativos, não como lixo. A reciclagem legal do óleo usado é uma das formas mais eficientes e acessíveis de contribuir para as metas” afirma Dalcin.

A reciclagem começa com a coleta do óleo usado em pontos de entrega voluntário, os PEVs, restaurantes e indústrias alimentícias. Depois de reciclado, esse resíduo vira matéria-prima para a produção de biodiesel, um combustível que, além de ser renovável, também captura carbono durante o ciclo de produção da planta oleaginosa (como a soja ou o girassol).

Atualmente a legislação brasileira exige que o diesel vendido tenha uma mistura de 15% de biodiesel. Com a nova lei, esse percentual vai subir gradativamente até chegar a 20% em 2030, impulsionando a demanda por matéria-prima sustentável.

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