Pesquisadores britânicos descobriram que o óleo de cozinha pode ser a solução para reciclar baterias de lítio de forma mais limpa e eficiente. O método, desenvolvido pela Universidade de Leicester, utiliza uma mistura de água e óleo vegetal para separar os materiais que compõem as baterias usadas e são extremamente nocivas ao meio ambiente.
Na prática, o processo funciona como uma peneira natural: o óleo se liga ao grafite presente no resíduo da bateria, fazendo com que ele suba para a superfície, enquanto metais valiosos como lítio, níquel e cobalto permanecem no fundo. Essa separação simples e rápida permite recuperar os materiais em estado puro e prontos para reutilização na produção de novas baterias:
“Essa descoberta abre ainda mais o caminho para unir economia e sustentabilidade. Ao permitir que metais valiosos sejam recuperados com menor uso de recursos agressivos, essa técnica se aproxima do ideal da indústria circular”, afirma Vitor Dalcin, diretor da Ambiental Santos.
Na visão dele, o Brasil poderia se beneficiar muito desse tipo de inovação já que une o incentivo a reciclagem do óleo de cozinha, algo que hoje é 90% descartado de maneira irregular, com a recuperação de materiais raros e caros:
“Temos abundância de matérias-primas críticas e uma necessidade crescente de trabalhar com baterias pós-consumo como em veículos elétricos, eletrônicos e energias renováveis. Se conseguirmos adaptar essa tecnologia ao nosso cenário logístico e regulatório, podemos reduzir a dependência de matérias-primas importadas, gerar valor local e minimizar impactos ambientais”, completa Dalcin.
Para se ter uma ideia do desafio futuro que essas baterias, que equipam a maioria dos carros elétricos no mundo, representam, somente até setembro deste ano foram vendidos no Brasil mais de 145 mil carros com essa configuração. O que pode, num prazo médio de 10 anos, enfrentar sérios problemas ambientais.