Reaproveitar óleo de soja ajuda no combate ao desmatamento

O plantio irregular de soja foi responsável por 10% do desmatamento ocorrido durante as últimas duas décadas na América do Sul. O cultivo do grão segue como coadjuvante na especulação que incentiva o desmatamento de terras no continente de acordo com um estudo coordenado pela Universidade de Maryland com colaboração entre cientistas dos Estados Unidos, Brasil e Argentina.

No Brasil, talvez o país com a maior destruição de biomas principalmente no Cerrado e na Amazônia, o desmatamento dobrou o número de áreas dedicadas ao plantio no mesmo período. A necessidade pelo óleo de soja por parte da indústria, principalmente química e de biocombustíveis, demanda grandes quantidades incentivando práticas nada sustentáveis como o desmatamento para abrir espaço para a soja.

Para Vitor Dalcin, diretor da Ambiental Santos, uma das formas de frear o plantio irregular de soja é abastecer a indústria com óleo vegetal usado devidamente reciclado:

“Cabe aos órgãos governamentais a fiscalização e punição destas práticas criminosas, mas o setor industrial pode fazer sua parte. Ao utilizar óleo vegetal usado de origem lícita estas indústrias deixam de comprar matéria-prima nova e aproveitam óleos que já tiveram sua função no preparo de alimentos. Quanto mais óleo vegetal reciclado for utilizado nas fábricas, menor será o desmatamento por parte de produtores irregulares” explica Dalcin.

Plantio irregular destrói hectares de mata nativa
A revista Nature Sustainability, que publicou o estudo, aponta um salto de hectares perdidos pela vegetação original para o plantio de soja em duas décadas, saindo de 26,4 milhões para 55,1 milhões de hectares. Somente na Amazônia, nos últimos onze anos, o salto foi de 400 mil para 4,6 milhões de hectares.

“O óleo vegetal usado é um poluente e se conseguirmos reaproveitar este subproduto nas indústrias, substituindo o óleo novo, o Brasil sai na frente em duas vertentes: a reciclagem de um resíduo extremamente poluente e a redução da necessidade da produção de óleo novo apenas para a indústria” completa Vitor.

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